O projeto consiste na conversão de um armazém industrial de 270m2 num espaço com dois usos principais:
1) alojamento temporário destinado exclusivamente a grupos de pessoas.
2) organização e dinamização de eventos (culturais, sociais, marketing, etc).
A estratégia inicial passou por tentar conciliar estas duas realidades através da criação das zonas comuns para a habitação com um carácter e materialidade suficientemente forte que servisse ambos os propósitos.
O projeto vive do confronto entre duas geometrias dispares que pontualmente buscam o diálogo entre si: existe um ritmo sequencial, subordinado à lógica estrutural do armazém industrial e que cria os quartos privados, e um conjunto de espaços circulares, tangentes entre si e com dimensões variáveis, que dão origem aos espaços de uso comum.
Apesar da aparente perceção de desordem entre os espaços circulares, eles criam um eixo visual permanente com o Rio Tejo e potenciam usos distintos em função da sua relação e dimensão. Isto é, do exterior da cidade para o interior do armazém os círculos são gradualmente menores e a intimidade dos espaços segue a lógica inversa.
No que diz respeito à materialidade, seguiu-se a mesma lógica de criar ambientes distintos onde as zonas comuns e as zonas privadas se complementam. As primeiras são totalmente abertas e em diálogo com o ambiente industrial devido ao uso da chapa em bruto, com as tonalidades e manchas indefinidas. Por outro lado, os quartos têm uma escala bastante controlada e uma atmosfera serena com as paredes brancas e a cobertura em vigas de madeira maciça aparente. Todos os quartos dispõem de instalações sanitárias próprias, cujas infraestruturas trabalham ao longo das paredes do armazém, e de claraboias que garantem a iluminação e ventilação para além de que permitem o contacto fragmentado com a cobertura do armazém original.